Nossa Senhora foi chamada pelo Anjo Gabriel “plena de graça”
(Lc 1,28). E nós sabemos que “plena de graça” quer dizer plena de Deus.
Também dizemos de nós mesmo: estou em graça de Deus ou estou
sem a graça de Deus. Ou seja: tenho Deus na alma ou tenho Satanás: “Quem não
está comigo, está contra mim” (Mt 12,30).
O que é a graça, então?
É a vida divina da alma. Quando uma alma está em graça de Deus
“participa da natureza divina” (2 Pd 1,4). Não se torna Deus, mas é unida, é
cheia, é imensa em Deus: como uma esponja imersa na água e fica cheia de água.
Já estes poucos pensamentos podem chegar a nos fazer
entender a preciosidade sem fim que possui a alma do cristão em graças de Deus.
Tinha certamente razão o Papa São Leão Magno de exclamar:
“Reconhece, ó cristão, a tua dignidade; e, participando da natureza divina,
livre-te de destruir, com atos indignos, a tua grandeza”
A alma... e o cão
Um dia o Santo Cura d’Ars passava, como sempre, entre duas
filas de gente, para ir à Igreja. Improvisadamente, parou perto de um caçador
que tinha a espingarda pendurada no pescoço, e ao lado o seu lindo cão de caça.
O santo se inclinou a acariciar o cão, dizendo: “Que
magnífica cão!”.
Depois fixou por alguns instantes o caçador dizendo:
“Senhor, seria desejável que a sua alma fosse bela como o seu cão!”.
Mas como se perde a graça de Deus?
Se perde com o pecado mortal. A alma na graça de Deus é
semelhante a uma lâmpada elétrica acesa. Com o pecado mortal a alma se torna
semelhante a uma lâmpada queimada. Não dá mais luz, não serve para mais nada.
Mas a graça de Deus se pode recuperar, enquanto se é vivo,
com o arrependimento e com a Confissão sacramental. E é nosso interesse não
demorar a recuperá-la; porque cada momento vivido em pecado mortal é um momento
de ser “filhos das trevas” (1 Ts 5,5) ao invés de ser “filhos da luz” (Ef 5,8)
Compreendem tudo isso os cristãos? Ou talvez muitos nem se
preocupam quase nada de encontrar-se em desgraça de Deus, e continuam a viver
entre um pecado mortal e outro?
Humanidade sem graça
Infelizmente, nos basta somente dar um olhar sobre a
humanidade, para saber se a maior parte vive na graça de Deus, devemos realisticamente
admitir que o “rei das trevas” (Lc 22,53) e o príncipe deste mundo (Jo 12,31)
acaba com a vida de graça dos homens.
Hoje o pecado mortal não é somente um fato singular, mas é
um fenômeno de massa, de costume dos povos.
Hoje é costume, em escala mundial, ler imprensa
pornográfica, ver filmes bestiais, freqüentar lugares escandalosos, seguir as
modas indecentes, usar a pílula e os métodos anticoncepcionais, ter ralações
extraconjugais, e pré-matrimoniais, divorciar, abortar, renegar a fé, professar
o ateísmo, falara blasfêmias..., sem falar das subversões, violências e furtos
sempre mais colossais.
Pobre mundo! Talvez nunca com tanta evidencia se tenha
achado “tão sob o maligno” (1 Jo 5,19). E “Jesus Cristo sacrificou a si mesmo
pelos nossos pecados, para nos arrancar deste mundo perverso...” (Gl 1,2).
A Mãe da Graça
Nós cristãos devemos ficar santamente orgulhosos de ser
filhos de Deus e de Maria, irmãos de Jesus Cristo, templos do Espírito Santo,
herdeiros do Paraíso. É verdade que Jesus veio para que os homens “tenham a
vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).
E todas estas divinas riquezas nos são dadas com o Santo
Batismo (que por isso, é bom administrar o mais cedo possível ao recém
nascido).
Santo Inácio Mártir, se chamava a si mesmo, com orgulho
Teóforo, ou seja, portador de Deus. E todos os Santos “glorificaram e levaram
Deus no próprio corpo” (1 Cor 6,20) cultivando a vida da graça com imenso
cuidado.
Mas quem é a Mãe da Divina Graça?
O sabemos: é Nossa Senhora. É Ela que nos gera à vida
divina. São Leão afirma que casa fonte batismal é o seio virginal de Maria!
Dela vem até nós a graça da regeneração, que é indispensável a quem pecou
mortamente e que transformou tantos pecadores em Santos.
Lembremos, por exemplo, São João de Deus, jovem solteiro,
que passava de um trabalho a outro, se nunca tomar juízo. Nossa Senhora o
livrou milagrosamente de um grave perigo, aparecendo-lhe e chamando-o a
conversão: “um dia tu me amavas – lhe disse – torna a me amar e a me ter
devoção. Converte-te a Deus”. O jovem fez isso seriamente e se santificou.
Vamos nós também fazer isso seriamente? Para fazê-lo seriamente, rompamos
energicamente com os nossos pecados. Como é possível que nos deixemos seduzir
por um mundo em que tudo é concupiscência? (1 Jo 2, 15-17).
A experiência de todos os convertidos confirma plenamente
esta triste realidade do mundo sem a graça, todo engano e pecado. Sobretudo, os
grandes convertidos nos asseguram que a vida não tem sentido, se não é vivida
para Deus e para a eternidade.
Lembremos a experiência de uma grande artista, Maria
Fenoglio (cujo nome artístico era Eva Lavalliere), que decidiu se suicidar
justamente quando tinha chegado ao ápice da glória e da fama mundana.
Foi salva a tempo, por misericórdia de Deus, e foi iluminada
pela graça. Então, compreendeu, finalmente, quais são os verdadeiros valores da
vida. Renegou a sua vida mundana, abandonou o teatro, e iniciou uma vida de
sacrifício sempre mais rica de graças e de virtudes. Escrevia no seu diário: “O
meu ideal?” ... Jesus. A minha ocupação preferida? ... A oração. O meu esporte
preferido?... estar ajoelhada. O meu perfume mais caro?... o incenso. A minha
jóia mais preciosa? ... O Rosário.
Votos:
- Fazer um ato de grande arrependimento por todas as vezes
que perdemos a graça de Deus;
- repetir amiúde a invocação: “Mãe da Divina graça, rogai
por nós”;
- empenhar-se em evitar toda ocasião perigosa que possa
fazer-lhe perder a Graça de Deu
*Meditações do livro "Um mês com Maria", do padre
Stefano Maria Manelli
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