
Dito isso, entro na questão que interessa: a vida
espiritual. Trata-se de um dos temas mais incompreendidos da face da terra. Daí
a abundância de falsos profetas e de tantas almas perdidas na confusão da
contemporaneidade. E se não a compreendemos, quanto mais incapazes somos de a
viver plenamente. Eu próprio não a vivo, mas enfrento a dificuldade extrema de
buscar compreendê-la e o que vou expor abaixo é apenas uma pífia tentativa de
organizar o resultado de alguns anos de estudo e prática, que mal toca a circunferência
desse círculo de infinitas possibilidades.
O homem é um organismo psicofísico. De um lado tem um corpo
que absorve os elementos heterogêneos do meio ambiente pela respiração (gases) e
alimentação (sólidos e líquidos), entre outros fenômenos menos evidentes. Por
meio de processos bioquímicos, o organismo transforma esses elementos para incorporá-los
à sua própria estrutura. É evidente que os elementos incorporados podem
contribuir ou prejudicar o desenvolvimento natural do organismo. Qualquer um
que saiba a diferença entre consumir uma salada de folhas de cicuta ou uma de
alface pode entender claramente isso.
Pois bem. O organismo psíquico é análogo ao seu complemento
físico. O alimento da vida psíquica é constituído por todos os elementos imateriais
absorvidos pelos sentidos, como sensações oriundas principalmente do tato e do paladar,
aromas, imagens e sons, especialmente da fala. Por meio dos processos psicológicos
esse conteúdo é transformado e incorporado à nossa psique podendo contribuir ou
prejudicar o desenvolvimento do nosso corpo espiritual.
Um corpo espiritual saudável é capaz de controlar e colocar
o corpo físico ao seu serviço e, por meio desse organismo material totalmente
amoldado à vontade da alma, estender esse domínio à própria natureza. Tal não é
outra a explicação do fenômeno característico da vida espiritual: o milagre. Não
há santos que não tenham realizado uma profusão de milagres exatamente pelo domínio
total que exercem sobre a natureza material, começando pelo próprio corpo. Daí que
a igreja antiga - a contemporânea abandonou essa necessidade vital e o
resultado é a crise atual de fé - insistia em divulgar a vida dos santos por
todos os meios.
Os santos são, para a vida espiritual, o correspondente aos grandes
atletas para a vida física. Assim como o atleta é obrigado a adotar critérios rigorosos
de alimentação, os santos o fazem em relação ao que absorvem para a sua alma.
Sem esse controle básico do que entra na psique, é impossível até mesmo a
compreensão do que seja uma vida espiritual. Nesse caso o que acontecerá é o predomínio
cada vez mais tirânico e absoluto do corpo sobre a psique, obrigando-a a
utilizar as suas potências, a inteligência, a vontade e a sensibilidade
criativa para satisfazer requintadamente os mais baixos instintos animais. Isso
é o que se entende como a morte da alma ou a descida aos infernos.
Como se dá isso? Muito simples. Segundo o Bispo e Doutor da
Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação dos Redentoristas,
o objetivo da vida é a preparação para a morte. O corpo físico tem,
naturalmente, um certo prazo de validade que dura em média 80 anos. Findo esse
tempo, a morte é inexorável. Entretanto, do ponto de vista cristão, a psique,
aonde reside tudo o que somos, memória, desejos e emoções, sobrevive. Se essa
psique só sabe viver a vida do corpo, não é difícil imaginar qual não será a
sua dor, angústia e desespero ao sentir-se absolutamente impotente de agir na
ausência de seu organismo físico. Esse é o sofrimento eterno do inferno. Ao contrário,
o indivíduo que consegue ter uma vida espiritual e tornar sua alma independente
e soberana sobre o corpo, assim continuará vivendo em se veículo psíquico após
a morte. Essa e a glória da vida eterna.
Hoje já existe uma onda de preocupação em expansão na
sociedade pela necessidade de escolha adequada do alimento físico, recusando os
produtos muito industrializados e adotando gêneros mais naturais. Infelizmente
não há a mesma preocupação em relação aos elementos imateriais que são fornecidos
pela cultura contemporânea e que se constituem predominantemente de veneno para
a alma. Praticamente toda a arte contemporânea se dedica a essa tarefa
demoníaca de intoxicar as almas para matá-las.
Então, o resultado desse primeiro nível de compreensão sobre
uma vida espiritual impõe a redução progressiva do consumo do veneno disponível
em praticamente em 100% dos programas de televisão, no show business, nos
shopping centers, nas emissoras de rádio e na internet. Assim como muita gente,
hoje, evita o consumo de alimentos com excesso de açúcares e carboidratos, é
preciso adotar comportamento análogo em relação aos bens culturais disponíveis.
Também deve adotar novos alimentos saudáveis para a sua alma.
De minha parte
tenho tentado produzir um pouco desse alimento por meio de obras que valorizem
a cultura tradicional cristã. (veja aqui http://circuitodiamante.com.br/).
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