“Se depois de termos recebido e
conhecido a verdade, nós a abandonarmos voluntariamente, já não nos resta um
sacrifício para expirar este pecado; só teremos que esperar um juízo tremendo e
o fogo ardente que há de devorar os rebeldes” (Hebreus, 10, 26 e 27).
O abandono da fé traz consequências seríssimas segundo São Paulo:
“Porque àqueles que foram uma vez iluminados, que provaram o dom
celestial, que receberam a sua parte dos dons do Espírito Santo, que provaram
também a doçura da palavra de Deus e experimentaram as maravilhas do mundo
vindouro, e apesar disso caíram, é impossível que se renovem outra vez para a
penitência, uma vez que assim crucificaram de novo o Filho de Deus em si mesmos
e o expuseram publicamente ao ridículo. De fato, a terra que recebe chuvas
frequentes e fornece ao agricultor boas searas, é abençoada por Deus. Mas, a
que produz só espinhos e abrolhos, é reprovada, e está perto da maldição; seu
fim é ser queimada”.
São
Pedro, o primeiro Papa ratifica: “Assim, se, depois de terem fugido das
corrupções do mundo pelo conhecimento de Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador,
por elas são novamente envolvidos e vencidos, o seu segundo estado tornou-se
pior do que o primeiro. Melhor lhes era não conhecer o caminho da justiça, do
que, depois de o terem conhecido, tornar para trás [afastando-se] daquele
mandamento santo, que lhes foi dado. Desta forma, se realizou neles aquele
provérbio verdadeiro: Voltou o cão ao seu vômito”; e: “A porca lavada tornou a
revolver-se no lamaçal” (2 Pedro, 2, 20 a 22).
Essas passagens bíblicas afirmam que não é possível voltar atrás
após iniciarmos na Verdade Católica. Não existe um desvio ou uma terceira via
nesse caminho. Pela doutrina católica, seguimos direcionados à eternidade. Qualquer desvio
leva ao abismo. Não deveríamos crer em Deus se suas verdades não fossem
absolutas. Seria perda de tempo. Virar as costas para a verdade
estampada no Catecismo da Igreja Católica após conhecê-la, é como gritar um sonoro não para
Deus. Eis aqui um pecado contra o Espírito Santo que não tem perdão, ou seja,
negar conscientemente a verdade revelada pelo Magistério da Igreja.
Hoje, a negação dessa verdade revelada raramente é expressa de
forma explícita, mas quase sempre de uma forma sorrateira, semelhante a uma
infiltração advinda de múltiplas interpretações teológicas que distorcem os
ensinamentos da Igreja de Cristo e dos apóstolos. Teólogos modernistas, adoecidos pela mente revolucionária, contaminam dogmas pétreos com pensamentos relativistas,
que usurpam do trono de Deus o fogo sagrado da sabedoria para se colocar ali as brasas
dos desejos humanos. Estes desejos são os novos deuses que se multiplicam em inúmeras atrações mundanas e cobram cada vez mais adoradores. O prêmio é imediato, mas restrito, pois realiza apenas as
satisfações terrenas. É imanente por natureza.
Nesse balé de ilusões furtivas e fugazes, o Absoluto, o Deus Transcendente, é feito como um refém para respaldar ideologias humanas. Ele já não é bem-vindo na
história, é permitido apenas dentro de uma fé individual, preso as concepções da moda. Ele tem que se adaptar ao homem e não o contrário. E nessa loucura de conceitos pagãos, inverte-se os papéis e julga-se o Onipotente, desautorizando-O em sua justiça, suportando apenas a sua
misericórdia que deve ser aplicada conforme as expectativas dos homens. E neste
frenesi de uma fé apenas sensorial, a eternidade só é concebível e desejada se for
uma extensão dos nossos sonhos terrenos. Pobre homem próspero.
O Catecismo da Igreja Católica é nesse instante o único antídoto
para neutralizar este veneno do relativismo inoculado em grande
parte dos fiéis católico. O contágio em massa aconteceu ao longo de várias
gerações alimentadas por doutrinas mais sociológicas que espirituais. O tratamento para recobrar a sanidade, através
da Sã Doutrina, é individual e não se realiza sem dor. A verdade liberta, mas não é fácil. A vacina está ao seu alcance: basta abrir e ler com
atenção este manual de capa amarela que nos preserva de tantos males na terra e
na eternidade. Desconhecer a Doutrina do Catecismo da Igreja Católica por
preguiça, ou negá-la em função de verdades relativas, onde os fins justificam os meios, ascendem aquele fogo que pode trazer transtornos eternos.
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