Entre o brilho do mundo e a luz de Cristo



Seguir Jesus é mais do que admirá-lo

“Quem me segue, não andará nas trevas” (Jo 8,12). Essa promessa de Jesus não foi feita apenas para santos canonizados ou religiosos em clausura. Ela é para mim, para você — para todo batizado que deseja viver à luz da verdade. Mas sejamos sinceros: quantas vezes dizemos seguir Jesus, mas mantemos a alma embriagada pelas luzes falsas do mundo?
Seguir não é contemplar de longe, nem aplaudir os passos de Cristo como se estivéssemos na plateia. Seguir é calçar Suas sandálias, é permitir que o Evangelho desça da cabeça para o coração e transforme a vida. Não é à toa que o Catecismo nos recorda: “Cristo nos dá o exemplo a seguir: Ele é o modelo das bem-aventuranças e a norma da caridade” (CIC §459).
Você já parou para se perguntar: “O que eu faço todos os dias que realmente se parece com Jesus?” Ou será que minha vida é apenas um cristianismo cultural, exterior, sem conversão?

A armadilha sutil da vaidade

Se alguém nos dissesse que estamos sendo vaidosos, talvez nos defenderíamos: “Mas eu sou simples! Não busco aplausos!” E, de fato, talvez você não deseje fama. Mas a vaidade nem sempre está no espelho ou nos palcos — muitas vezes ela mora na mente que se orgulha do próprio conhecimento espiritual, ou no coração que busca ser admirado por sua piedade.
Quantas vezes gastamos energia discutindo teologia sem viver caridade? Sabemos definir pecado, mas esquecemos de chorar por ele. Sabemos que Deus é amor, mas tratamos o próximo com indiferença. A vaidade espiritual é ainda mais perigosa, pois se disfarça de zelo.
E aqui, o exame de consciência dói: “Senhor, o que há em mim que ainda busca o brilho que o mundo oferece? Tenho usado a fé para me elevar ou para me humilhar diante de Ti?”


 A sabedoria de escolher o que permanece

O mundo nos oferece um cardápio diário de desejos: sucesso, conforto, prazer, prestígio. E muitos cristãos, sem perceber, trocam o Céu por migalhas. Esquecem que tudo isso passa. Tudo. Mas o coração humano foi feito para mais.
A verdadeira sabedoria, diz o livro do Eclesiastes, é reconhecer que “vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ecl 1,2), exceto amar a Deus. E o Catecismo é ainda mais direto: “O fim último do homem é ver a Deus” (CIC §1028). Tudo o que não nos leva a isso, cedo ou tarde, nos afasta d’Ele.
Por isso, precisamos reeducar nossos desejos. Buscar uma vida boa, sim — mas uma vida boa aos olhos de Deus. Ter ambições, sim — mas ambições santas. Querer ser lembrado — mas pelo amor que plantamos, não pela imagem que construímos.
E então, com sinceridade, a pergunta final: “Tenho vivido como quem quer ir para o Céu ou como quem ainda acredita que esta terra é suficiente?”

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